Teste Blogcarro: Uma noite a bordo do novo Fiesta sedã

Já passava das 19h quando uma chave de carro caiu no meu colo. Ela não tinha nada demais, não era do estilo canivete, nem futurista, na parte de baixo de um lado trazia três botões, um para destravar a porta, outro para travar e o terceiro para o porta-malas. Do outro lado o símbolo da Ford.

Era o passe de entrada para o novo Fiesta sedã, que por enquanto a Ford chama de “New Fiesta”, por causa do marketing.

A hora seguinte ao da entrega da chave, que foi gasta para finalizar umas coisas antes de pode ir buscar o carro no estacionamento, foi angustiante.

Entre passos rápidos no caminho para o estacionamento lembrei um pouco da história do Fiesta. A última geração, lançada aqui em 2003 foi decisiva para a continuidade da Ford no país. Eram tempos difíceis, a marca não tinha um carro de volume e precisava de um campeão de vendas.

 Surgiu o Fiesta, totalmente novo, primeiro carro fabricado na então recém-lançada fábrica de Camaçari, na Bahia. O carro tinha um desenho interessante, um interior pobre e carregado no plástico e um mecânica elogiada. Foi sucesso. Agora vende porque é barato.

Cheguei esbaforido ao novo Fiesta. Pelas fotos tinha gostado da dianteira, mas havia ficado em dúvida sobre a sua traseira. Como disse, a impressão tinha sido pelas fotos. Ao vivo a história é outra, ficou sedutor.

O carro cresceu não só em tamanho, mas também na aparência. A traseira é alta, as lanternas ficam no topo do porta-malas em um lugar de destaque. São esticadas, como tudo no carro, grandes e bonitas.

De lado, as linhas do estilo Kinetic, da Ford, provocam um sentimento de movimento em quem olha. Não é conversa de vendedor.

A linha de cintura das portas é alta enquanto o teto tem caimento acentuado, lembra um cupê, já disseram alguns jornalistas. Eu acho que é exageiro, mas realmente ficou interessante.

A dianteira é a parte que mais impressiona. Parece um Focus bem mais estiloso e moderno. As peças tem encaixe perfeito, não há espaço, e os elementos se completam.

O farol dianteiro é imenso. Deixa os da Peugeot no chinelo, mas também são bonitos e casam com a proposta do carro.

Hora de entrar. Ao abrir a porta nada daquele estalo oco do Fiesta nacional. O mexicano tem classe, nasceu para servir o primeiro mundo (leia-se Estados Unidos). O banco deste modelo estava forrado em couro preto com as bordas brancas, bem interessante.

O revestimento da porta também agradou. Não chega a ser um primor por conta do plástico que é rigido, mas o acabamento está acima da média.

O banco é bem envolvente, confotável, traz regulagens de altura e distância. Assim como o volante elétrico, que não é multifunção e é revestido com um plástico de qualidade duvidável. Não combina com o resto do carro. Que mancada em Ford!

O console cental traz no alto uma tela que pode mostrar as funções do rádio, embaixo ficam os comandos do aparelho em um formato único.  No meio há ainda uma bola seletora que pode ser usada na troca de estações e em outras funções.

Visualmente parece meio espacial. É de propósito, para dar um ar moderno no carro. Na prática, tem as funções de um rádio normal. Não traz, por exemplo, a opção bluetooth.

O mesmo acontece com o painel de instrumentos. É todo estiloso, mas traz o básico como mostrador de velocidade, de rpm e do tanque de combustível.

Por causa do estilo, a tela do computador de bordo ficou minúscula, assim como o aviso do freio de mão. Não chega a ser uma crítica, mas dá para perceber que a proposta do carro é mesmo o estilo.

Bom, a noite estava começando e era hora de sair com o carro. O novo motor Sigma 1.6l, igual ao Focus e seus 115cv (álcool e 110cv gasolina) caiu como uma luva neste sedã.

Respostas rápidas na saída do semáforo, elasticidade para fazer uma ultrapassagem, pronto nas retomadas, silencioso,… enfim, muito bom.

Só não deu para saber se era econômico já que meu pé teimava em acelerar até o fundo do cursor. O computador de bordo também não ajudou já que a contagem é feita em litros por 10o km. Não custava mudar.

O câmbio não tem nada de mais. Se mostrou um pouco lento nas trocas de marchas, talvez por causa do seu cursor que é maior do que o do Fiesta brasileiro. Não chega a ser um problema.

O câmbio é bom, mas não se deve esperar esportividade com ele. A Ford privilegiou o conforto e, provavelmente, o consumo.

 Na rua, a suspensão se manteve acertada para o nosso piso. Nada de pular demais nos buracos e nem ser molenga. Uma questão porém chamou a atenção.

Nas mudanças repentinas de direção a traseira se mostra muito boba, perdida, prestes a escapar. Talvez seja a distribuição de peso do carro, muito concentrada na dianteira. Em todo o caso vale o aviso.

O New Fiesta ou somente Fiesta sedã começará a ser vendido no início de setembro por R$ 49.900. Por este preço o carro chega quase completo.  

Entre os equipamentos de série estão ar-condicionado, direção e trio elétricos, rodas de liga aro 15, computador de bordo, alarme e CD player com entrada auxiliar.

Por mais R$ 1.250 reais, o New Fiesta adiciona freios ABS (R$ 51.150). Por fim, bancos de couro e sete airbags – dois frontais, dois laterais, dois de cortina e um para os joelhos do motorista – podem ser adicionados e o preço salta para modestos R$ 54.900.

Um valor justo, já que seu futuro principal concorrente, o Honda City custaR$ 57.420 e não vem nem com ABS.

CONCLUSÃO

A conclusão é que a Ford deu um salto de qualidade com este novo Fiesta e ainda assim conseguiu manter parte do que fez o antigo modelo ser bem aceito, o preço justo.

Problema para a concorrência e também para o seu irmão maior, o Focus, que agora tem um inimigo de peso dentro de casa.